domingo, 25 de fevereiro de 2007

O chip da discórdia

Eu odeio bancos, como muita gente, mas não deixo de louvar os grandes avanços tecnológicos que, nós clientes, podemos aproveitar no dia-a-dia. Fila do caixa, por exemplo, nunca mais! Graças ao internet banking, faço tudo online. Os cartões de débito então são ótimos, pagar com a senha do cartão é um belo avanço. Mas ainda me incomoda o atraso brasileiro na adoção dos smart cards, os cartões com o chip.
Meu banco, que não nomeio para não fazer propaganda, não faz isso. Certamente fez as contas e achou que não vale o investimento na troca da base de cartões. Ok, opção deles. Mas, falta combinar isso com as processadoras de transações, as donas dos POS, o terminal eletrônico em que o lojista passa o teu cartão para pedir autorização de pagamento.
Costumo usar o serviço de débito RedeShop com o cartão empresarial que tenho, com tarja magnética e sem chip. Em geral a máquina aceita, mas de alguns meses para cá, a processadora Redecard instala um novo modelo de POS, em que há uma ranhura para espetar o cartão com chip. Se o cartão não tem o chip, o lojista diz que o cartão não é válido. Descontado o comodismo e ignorância (no sentido estrito, de desconhecer) dele, o fato é que a Redecard não ensina os lojistas que, sim, o cartão com tarja magnética é válido, mas é preciso espetar o cartão insistentemente na ranhura para o cartão com chip até o POS “perceber” que é preciso aceitar a tarja magnética, e pedir o valor para fazer a transação.
Toda vez que vou na padaria da esquina e apresento meu cartão de débito à caixa ela faz um muxoxo de desgrado. Ela já ouviu meu discurso-padrão, dizendo que o cartão vale e a Redecard que devia avisar como a coisa funciona. Para ela, eu sou um chato. Para mim, a Redecard que é ineficiente. Só o fato de o lojista não saber que cartão sem chip é aceito basta para indicar má comunicação. Pior, como cliente, me sinto maltratado toda vez que acontece esse perrengue, pois a culpa não é minha. Há saldo na conta, portanto, tenho dinheiro para pagá-la com o cartão.
Para não ser injusto, visitei o site da Redecard. Mas não encontrei nada que explique para o cliente ou o lojista como resolver o pagamento com cartão de tarja magnética no novo terminal eletrônico. Publicidade explicativa na TV, também não.
Então, fica aqui o recado, com a promessa de contatar a Redecard para saber o que pode ser feito. E conto a vocês assim que eles me responderem.

* Imagem capturada do site da Redecard

A mesmice dos portais

Dia desses abri a minha home page (UOL, sou assinante) e lá estava a manchete sobre a prisão da mulher acusada de mandar matar o esposo rico ganhador na loteria. OK, até aí morreu neves. Mas em seguida abri o Terra e lá estava a mesma manchete. Fui conferir o iG, a Globo.com, e wow! Como essa notícia se repetia! Mesmo destaque, no mesmo horário. Como se a prisão da loira pintada fosse o tema mais importante para a vida do internauta – teoricamente um tipo mais informado, que demanda notícias interessantes e úteis.
Então percebi o óbvio ululante. Os portais de internet entraram na mesma balada que os jornais diários, ou seja, a mesmice. Digo isso com todo o respeito ao trabalho dos jornalistas e dos profissionais de internet, porque no fim, estes são os que mais tentam fazer o melhor produto possível, em condições nem sempre favoráveis. Eles lutam contra o tempo – mais cruel ainda na internet – e contra a pressão de trabalhar com equipes enxutas. A razão disso está na dinâmica da competição entre os meios de comunicação e no defensivismo dos editores que chefiam as redações _ e não querem perder emprego e poder.
Explico. Nos anos 90 trabalhei na Folha de S. Paulo, boa parte como redator de fechamento na editoria de Política. O jornal tinha uma ótima equipe de repórteres, que garantia boas manchetes exclusivas, assim faziam como os concorrentes (Estadão, O Globo e o antigo JB). Mas os editores tinham uma missão ingrata: monitorar o Jornal Nacional, para conferir se alguma notícia importante tinha escapado da nossa redação. Se isso acontecia, a correria era enorme e desesperada. No fim, os jornais acabam saindo com manchetes bem parecidas, e justamente o que estou discutindo aqui é isso: a face quase idêntica das páginas iniciais, seja em jornais ou portais.
Na internet, a história se repete. Depois daquela época loucamente boa da bolha da internet, quando contratavam jornalistas nas redações a peso de outro e tudo era novidade (inclusive as home pages que mudavam manchetes a cada 5 minutos), veio a depressão e as demissões em massa. Era preciso reduzir custos e rentabilizar a pontocom, por isso a tática passou a ser jogar "na certa", nada de ousadias.
E por ousadias não estou falando de beldades seminuas, mas investimentos em conteúdo de qualidade, que realmente diferencie o portal da concorrência. É preciso ter aquela notícia que chama a atenção, mesmo que seja a mesmissima notícia publicada pela concorrência – em outras palavras ou ordem de parágrafos. O layout das homepages dos portais é quase igual: uma banner publicitário no topo, o logotipo do portal quase escondido, ícones para as ferramentas principais, uma lateral com os links dos canais e a outra lateral para uma coluna de publicidade. Tudo muito parecido...
Sou um consumidor exigente, ok, mas acho que é da demanda qualificada que vem a pressão por melhores produtos. Então, primeiro vou assumir que eu não tenho uma solução mágica a oferecer, em termos de layout, e que reconheço ser preciso abrir espaço à publicidade para fazer o portal se pagar e começar a gerar lucro (nada contra). Mas eu vou ser bem exigente e dizer que desse jeito, minha sensação final é de tédio. Se eu vou ter o trabalho de abrir a página de outro portal, quero ver novidade, não a reprodução do mesmo tema.
Acho que os vídeos na rede, as rádios online e os canais exclusivos cumprem boa parte dessa função. Para os adolescentes, blogs, flogs, trogs e plocts afins também cumprem esse papel. Mas, que eu realmente gosto de informação interessante, vou torcer para os bons tempos voltarem e os portais invistam em jornalismo e conteúdo realmente criativo e interessante.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Carnaval digital - 1


Alalaô alalaô, o Carnaval chegou! Eu gosto de Carnaval apenas de dois jeitos: pulando bem no meio da massa em Salvador, ou aproveitando o sossego que São Paulo se transforma, no cinema, ruas, onde for, mas longe da confusão nas estradas.
Mas haverá paulistanos que vão pular o Carnaval virtualmente: no mundo virtual do Second Life. Imagino que você já ouviu falar desse site/software, típico do que se convencionou chamar de Web 2.0, a internet cujo conteúdo e ação se baseiam na participação ativa dos internautas. O Second Life é um mundo virtual, onde os participantes entram como avatares, bonecos virtuais 3D que podem representá-los tais como são (o que parece careta) ou como realmente desejam ser (as pessoas mais cool ou estranhas do mundo). Você pode investir e gastar dinheiro de verdade, que é trocado pela moeda virtual Linden (aliás, é o nome da empresa de software que criou o jogo). POde comprar roupas, ingressos dos shows virtuais, construir casas, empreendimentos ou até comprar um terreno para montar uma representação virtual de uma empresa real. Tem até a Embaixada da Suécia no Second Life.
O publicitário paulistano Jorge Singh não fez por menos, criou a Ilha São Paulo Jardins, que já tem várias lojas e uma praça central. E é lá que começa hoje o primeiro grito de Carnaval virtual da história, às 21h de Brasília. Um trio elétrico espera pelos 140 mil jogadores brasileiros do Second Life, com DJs virtuais que, informa Singh, são famosos no mundo real. E dá-lhe marchinha e axé! A não ser que o avatar do Fatboy Slim apareça por lá...

Carnaval digital - 2

E aqui, nas terras brasilis, o tradicional Carnaval da Globo ganhou uma inovação: informações interativas diretamente a partir do controle remoto. A novidade é restrita aos assinantes da operadora de TV por assinatura NET, com o pacote Digital. Um canal foi reservado para receber os dados enquanto as escolas de samba desfilam pela Marquês de Sapucaí. Você clica nesse canal, a imagem ao vivo do Sambódromo continua em uma janela no canto da tela, e ao lado abre-se um menu de opções: tema do desfile, letra do samba-enredo, história da escola, nome dos destaques, tempo de desfile e notas do júri popular. Para quem gosta e torce de verdade pelas escolas, é uma festa.
A novidade não é tããão novidade assim, pois na Copa do Mundo da Alemanha, ano passado, a NET montou um canal interativo com a tabela e detalhes dos jogos. E o canal interativo também funcionou para o Campeonato Brasileiro de Futebol, séries A e B.
Isso só mostra o potencial da TV digital para transmitir informações adicionais e criar novos serviços, ao alcance do clique no controle remoto. Isso, em si, é lindo. Feio será se o lobby da Globo e das outras redes (Bandeirantes, Record e SBT), todas sempre muy amigas do governo de plantão, vai cortar pela raiz o que a TV digital traz de melhor: abrir o espectro de TV para mais canais e melhor conteúdo.
A própria NET dá um sinal disso. No pacote digital ou "digitalizado" (em que o cliente tem o decoder digital, mas não o serviço digital completo), os canais comunitários e universitários, como o do Senado, a TV Câmara etc., só podem ser vistos se o assinante arrancar o cabo, e sintonizá-los nos outros canais do seu aparelho de TV.
Ok, em geral são canais chatos, e sempre há uma desculpa "técnica" da operadora para fazer isso. Mas que isso não é muito correto, não é mesmo.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

iPhone da Apple? Não, da Samsung...




Formato retangular com bordas arredondadas, tela de cristal líquido touch screen, ícones que fazem as vezes de botões e qualidade sonora para MP3. Parece que estou falando do iPhone da Apple, não? Mas é o Ultra Smart F700, telefone lançado pela coreana Samsung na feira 3GSM World, esta semana em Barcelona. Como o concorrente, a Samsung não anunciou quando começará a vender o aparelho, e, além disso, não divulgou um preço.
O anúncio só atiça a curiosidade dos consumidores por telefones que façam tudo – telefonar, divertir e servir de ferramenta de trabalho. E coloca uma pedrinha no sapato de Steve Jobs. A Apple é genial, mas não infalível e única no mercado, e seu sucesso no mercado de telefones celulares – em que estão presentes alguns gigantes – dependerá muito justamente da reação da concorrência.
Não custa lembrar que a Samsung é força dominante no terreno das telas de cristal líquido (LCD), e já produziu TVs de mais de 100 polegadas. A força dos supertelefones está justamente em eliminar os botões “mecânicos” e usar o touch screen, além, claro, da concentração de funções em um aparelho só. Portanto, a Samsung pode ser não apenas concorrente da Apple, mas também fornecedora...
Tive acesso a apenas três fotos do Ultra Smart F700 (sortudos aqueles que estiveram em Barcelona para tocá-lo!) e não vi como é o teclado alfanumérico, o tal do formato QWERTY, que usamos nos teclados comuns de PCs. Se esse teclado completo estiver também na tela de LCD, será uma atração a mais para os consumidores, pois digitar mensagens no celular ainda é muito chato. Você aperta, aperta e aperta a mesma tecla para conseguir uma única letra. Ainda não consigo me acostumar com isso.
Além disso, a Samsung promete que o aparelho será capaz de receber dados a 7,2 megabits por segundo, com a tecnologia HDSPA – com ela, você baixa uma música de 4 MB em apenas 4 segundos. Uma conexão realmente veloz de banda larga começa em 1 Mbps, o que já dá uma boa idéia do que virá na nova geração de supertelefones.

Upgrade à Vista?

Quase dois anos depois do plano inicial, o Windows Vista chegou às lojas, no final de janeiro. Como sempre, a Microsoft o apresentou ao mercado como uma nova revolução, uma nova era na relação homem-máquina. Bom, descontando a avalanche de marketing – necessária e legítima, reconheça-se – para mim a questão principal é simples: trata-se de um belo novo sistema operacional, porém necessário apenas para quem tem pressa, ou é realmente viciado em novidades.
O sistema operacional em si é um programa que faz a máquina conversar com o usuário e gerencia todos os recursos (arquivos, periféricos, rede etc.). O Vista é uma bela evolução do Windows XP, é muito melhor em tarefas como montar uma rede sem fio, organizar os arquivos e administrar o uso da máquina pelos filhos – você pode pré-determinar os horários que eles podem usá-lo e quais sites podem acessar.

A grande mudança para os usuários acostumados ao Windows XP é a nova interface gráfica, chamada Aero. Em poucas palavras, imagine uma tela em que todas as janelas de programas abertos se enfileiram uma atrás da outra, em 3D, e você pode enxergar claramente “através” delas, pois é aplicado um efeito de transparência. É bem melhor tentar descobrir o que tem em cada janela clicando nos itens da barra de tarefas, uma por uma. Para quem não a viu ainda (onde você esteve nas últimas semanas, na praia? Está perdoado...) veja a foto ao lado.


Achei ótimo, mas não vou morrer se não usá-lo já... Descontado o exagero, é possível viver mais um tempo usando a combinação de teclas ALT+TAB no Windows XP, que hoje é um sistema bem estável. A razão é justamente, que ao longo do tempo após seu lançamento, a Microsoft descobriu suas falhas e criou os pacotes de atualização, os services packs. Meu conselho para quem tem curiosidade pelo Vista, e não quer trocar de máquina já, é esperar que a Microsoft libere os service packs que consertem as falhas que os programadores independentes já estão descobrindo
Para usar o Vista no que ele tem realmente inovador, o Aero, é preciso ter uma máquina nova, no mínimo com processador de 1,4 GHz e memória RAM de 1 GB. Fazer o upgrade trocando o processador e a RAM é possível, mas com esse dinheiro vale mais a pena economizar um pouco mais e comprar um computador novo. E o PC novo pode vir da loja já com o Vista instalado, e funcionando bem, certo? :-)

Os bastidores da notícia

Se as grandes feiras são a Copa do Mundo para os jornalistas de tecnologia, as coletivas de imprensa são as grandes partidas. Nas apresentações da Microsoft o que se vê são verdadeiros shows de organização e show business. Para os leitores que lêem a notícia mas só vêem a pontinha do iceberg dessa parafernália toda, veja acima qual é a cena típica de uma coletiva de imprensa: os jornalistas sentados em uma platéia e um palco com os executivos da empresa sentados à espera do bombardeio de perguntas. Ok, há perguntas inteligentes, mas também uma bela quantidade de perguntas “levanta-a-bola” ou as “estou-revoltado-pois-a-Microsoft*-é-um-monopólio**”, que só atrapalham e roubam tempo das questões mais interessantes. Depois, há um almoço ou um belo brunch e a distribuição dos pacotes de software para os jornalistas testarem. No fim, você acaba lendo de tudo, mas só acabará entendendo a notícia se ler mais que três notícias sobre o tema.

* onde está Microsoft, pode trocar o nome da empresa ou do personagem.
** onde está monopólio, pode trocar o motivo ou a culpa que a empresa leva.

Congresso interessante

Já que o tema da moda na indústria de entretenimento é a distribuição digital de conteúdo, as operadoras de telefonia celular se mexem e aceleram seus planos para vender MP3 para seus clientes, por meio das redes rápidas 3G. Um congresso em Miami vai discutir justamente o que as operadoras móveis farão para capturar parte dessa receita com downloads – aliás, dinheiro disputadíssimo por ser pouco... os jovens preferem baixar música de graça.
O Latin Mobile & Digital Music Summit, em 26 e 27 de abril terá alguns palestrantes brasileiros, como Alexandre Madeira Fernandes (diretor de produtos e serviços da Vivo) e Gustavo Mansur (gerente de conteúdo da TIM Brasil), entre representantes de gravadoras e canais como Sony BMG e MTV Networks. Entre as questões que serão debatidas, está a oportunidade que as gravadoras têm para compensar a queda do faturamento na venda de CDs com a venda de música digital. Se as operadoras começarem um namoro com as gravadoras, virão novidades interessantes junto com os telefones 3G, aqueles que prometem transmissão de dados em alta velocidade.
Confira a programação do evento em http://www.latinmobile.frecuenciaevents.com/home/contenidos.php?id=15&identificaArticulo=10